domingo, 31 de julho de 2011

Bons dias

Direi bom dia aos bons,
Em caso de dúvida.
Não pretendo cometer injustiças
Nem tampouco ser dos que se veem cercados
Pela bolha intrincada das relações humanas.
Faço parte, não se questione jamais,
Da maioria, do chulo
E, se escolhi ser um de seus adidos,
Serei um de seus melhores,
Um de seus capitães.

Direi bom dia aos bons,
Às ordens da casa.
O abre-alas vindica a mais torpe idiossincrasia,
A do cabresto.
Será elevada à baluarte de nossa época,
Será cultuada feito a falaciosa abstração da divindade.
Esqueceremos as verdades superficiais
Para sermos profundamente supérfluos,
Pregados as cadeiras elétricas libertadoras,
Diante do telejornal da nação Sem Nome,
Sem Fundos, Sem Fala.

Direi bom dia aos urros,
A plena voz, aos arranques de pulmão
Acima dos portões de entrada
A fim de que se entreouça e veja minha [in]feliz saudação.
[A mais vil e rasteira suposição
Foi tomada ao pé da letra
E que será de nós?]

Faltam poucos minutos para o meio-dia
E já não mais poderei dar-lhes meus sinceros e despretensiosos
"Bons dias".
Em caso de dúvida,
Obedecendo às ordens da casa,
Empostando a voz para proferi-lo com clareza,
Anseio pelo momento em que nascerá o novo dia
E não serão necessários adjetivos a contemplá-lo
Vaga e amargamente,
Sendo desejo o simples
Abrir de olhos.

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