sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ponto Final


Passo, hoje, pra me despedir. Frequentei esse espaço por quase cinco anos e, olhando pra trás, vi quanta coisa me aconteceu: tanta coisa marcada no que escrevi. A escrita, pra mim, sempre serviu pra isso. Sempre me vesti das palavras como forma de exprimir o momento, o sentimento. Consigo enxergar, com a agudeza crítica sempre ferina para comigo mesmo, meus incomensuráveis erros, tanto na forma quanto no conteúdo dos textos. Se há alguma qualidade a se ressaltar por aqui, creio que deva ficar a cargo de quem a encontrar, porque eu próprio, e sem falsa modéstia, tenho olho mais apurado para meus erros do que para meus possíveis acertos.

Hoje, sinto que, mais do que antes, tenho muito pouco a dizer. Como aqueles relacionamentos amorosos em que o rompimento se dá inesperadamente, pra que as mágoas inevitáveis que já se vislumbram não se tornem vívidas, encerro as atividades do Bodegário. Não pretendo, por ora, desativar o domínio ou coisa do tipo: no fim das contas, o que já foi escrito e, principalmente, o que foi vivido não pode ser apagado.

Aos que acompanharam por aqui; aos que, de uma forma ou de outra, chegaram a essa Bodega (ou Relicário) e, em especial, àqueles que se identificaram com quaisquer dos escritos, meus agradecimentos mais sinceros.




Aquele abraço!
 

Júlio.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A madrugada chegou, em silêncio, lembrando você


Hoje o dia teve seu cheiro.
Há quanto tempo não sentia tão perto,
tão perto, o olor da sua distância.
A paz, em dias de lembranças assim, insidiosas,
não se atreve nem a nos espreitar.
Ninguém nos espera, ninguém nos acena, ninguém nos conhece.
Deixamos de ser os que pela avenida descem,
braços dados, a distribuir sorrisos,
a cumprimentar os estranhos,
a ignorar o trânsito,
a desdenhar dos casais que não comungam do amor, de um amor como o que um dia nos pertenceu.

Hoje o dia teve seu gosto.
Por entre as vitrines das lojas
eu escutava sua risada abafada contra o meu peito.
A luz, as vozes, os passos ao nosso lado
e a sua risada abafada contra o meu peito,
quem sabe um refúgio para um sofrimento que eu desconhecia.
Eu pouco soube de você.
Depois disso, nossas horas passaram a ser contadas.
Hora marcada, hora fugidia:
"Já é hora?!"
E um temor seco, um medo insignificante, tão insignificante
que não vale, agora, nem o desprezo.

Hoje o dia teve sua cara,
sua alegria, suas manias, sua vontade de ser ouvida
e por mais que eu queira, não me é possível ser apenas indiferente.



A madrugada chegou, em silêncio, lembrando você.


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