sábado, 16 de julho de 2011

Teogonia

...

Há de haver paciência no desespero
Há de haver compreensão no inominável
Há de haver virtude na ignomínia
Há que ser todas as coisas
Sendo pó

E do pó erigir nosso obelisco
Nossa pedra angular
À forja das espadas
À guisa das esperas.

Há que se deslindar o último novelo
Puxando pela ponta do falseio
O resquício da palavra que buscamos
E não ousamos pronunciar.

Há que seguir, indivisível:
Sãos e naturais da estrada partida ao meio
Em que se bifurcam, para sempre
O paraíso e a calma
Da plenitude e ventura

E da ventura e plenitude
E do paraíso e da calma
Colher, ao menos
A derradeira planta originária da terra
Pretérita e ignota.

"Observe, filho!
Nas mãos se esconderam, pequenas
As linhas ilegíveis do cosmos:
Somos, agora, o mesmo
Ainda que sejas pai.
Somos, embora os mesmos
Eu e meu único filho."

...

2 comentários:

  1. gostei dos versos, parabens

    se possível, visite meu blog

    www.semente-terra.blogspot.com

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  2. Fala,Robson!
    Obrigado.

    Vou lá. Abraços!

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