quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Um pouco. Pó. E só.

Por que é que a gente continua assim?
Não seria mais fácil um abraço
Uma palavra doce
Um risco, um traço
De amizade antiga, que fosse?
Mas não esse ignorar triste
Esse olhar que me socorre e me foge
Esse orgulho que, por que diabos, insiste
Em nos cumprimentar de longe
Enquanto, eu sei, a gente sabe,
O que queria era estar ao lado.
E aquela lágrima que escorreu
Eu não pude amparar. Eu queria.
Como eu queria!
Você pode até achar que não
Que toda essa nossa confusão
Armou-se por conta, não nos culpemos mais,
Do cosmos, das partículas indizíveis e invisíveis
Do universo, estrangeiro a qualquer entendimento,
Que desencontrou o meu querer
Do seu, o nosso querer.
Nosso.
Não, eu não vou reclamar de novo
Não vou chamar de tolo
Aquele poema que lhe dediquei de tímido:
Sim, só um carinho,
Um pouquinho, e pó.
Verdade, restou o pó
E o pouco
E o nó
Na garganta.
Pra facilitar as coisas,
É melhor que fique assim:
A gente continua indo
Indo e rindo
Como se tivesse junto,
Como se não fosse mudo
O grito que a gente grita todo dia
Toda aquela alegria
Que podia ter sido
Não fosse o passado perdido
E o futuro,
Um ruído.

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