Desconfio. Eles se escondem de mim, cochicham, parecem conspirar. Perguntas capciosas, eu não sou tão tolo quanto julgam, sinto a ironia, vejo o veneno sendo destilado por suas línguas. Os olhares perscrutadores pelas esquinas, a repentina mudança de assunto nas conversas de bar... Quando me cumprimentam, não perdem a oportunidade de fazerem um comentário impertinente, uma brincadeira de mau gosto. Pouco tempo atrás, sorriam. Sorriso falso, estou certo! São todos falsos...
Em casa, o telefone toca duas, três, quatro vezes. Não atendo. Mensagens entopem minha caixa de e-mails. Não respondo. Antes ser chamado de louco a dar o braço a torcer. Pela rua, sigo atento: a qualquer movimento estranho, levo a mão ao bolso do paletó. Passei a andar armado. Devo prevenir-me, nunca se sabe do que são capazes.
Dizem que estou obcecado. Têm é medo de que eu descubra o que tanto tramam. Têm medo de que, munido de pedras e paus, eu os ataque publicamente, os humilhe, os faça pedir perdão por todo mal que me fizeram. Nas entrelinhas. É claro, ainda não tenho provas, necessito de algo concreto. Mas não me restam dúvidas: eles me perseguem. Pensam que me enganam, aqueles canalhas. Um dia ainda descubro o que tramam, ah se descubro!
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