Creio que escrever, para ele, era mais um exercício de autoexperimentação, quem sabe, autoafirmação. Sentia-se mais seguro na terceira pessoa, mais "eu" em outrem, menos contundente nas falhas e mais cônscio de suas virtudes. Talvez isso ocorresse pela dificuldade de se descrever a si próprio, pela incapacidade de dizer algo em voz alta, de se fazer ouvir. Nas palavras, um refúgio. Nos poemas, um grito. Fosse pelo que fosse, era-lhe confortável estar entre letras, mesmo que delas não fizesse o devido proveito ou conseguisse expressar o exato sentimento. De certo, só sabia que seu destino era estar entre elas, sua vontade, viver rodeado por elas e seu medo, perdê-las de vista. Para quem se achava perdido, tinha certezas de sobra. Para quem tinha tantas dúvidas, era inimaginável ter alguma certeza. Por ora, estar perdido era ter um caminho, um apoio, uma saída. Por ora, isso era tudo o que ele podia se oferecer.
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E aí caro Júlio?! o Trem de Doido gostaria de publicar a "Carta I". Se gostar da idéia dá um ok por lá.
ResponderExcluirAbraços!
Gostei da poesia. Dá para se identificar muito com ela, porque, para mim, as palavras também são um refúgio. Sinto-me mais à vontade escrevendo do que falando.
ResponderExcluirAbs!