terça-feira, 15 de junho de 2010

Idílio

Queria-te sempre menina
Menina de teus poucos anos
Menina de teus muitos sonhos
Ver-te sempre menina
Ver-te sempre como vejo-te hoje

Imaginar-te menina e pura
Pura sem dizer palavra
Menina com as letras do mundo
Longe de olhos e bocas
Imagem concreta e sutil
Apenas de sentimento

Andar pela alameda de teus braços
Sentir o vento a balouçar-te os cabelos
Ser o hálito doce da hortelã
Que jaz em tua boca
Contar-te histórias pela manhã
Do que outrora pertencera a ti
Sem que ainda o soubesses

E não ser mais do que teu
Não ser mais do que metade
Meio de tudo que te completa
Raiz a prender-te ao solo
Folha de copa a fazer-te perder o medo
A mostrar-te do que és capaz
Mesmo pequena, mesmo menina

Ver-te sempre menina
E não ter que ver-te mulher
Vale inalcançável do norte
Rebentação dos mares do sul
Ser sempre pequena
Para ter-me ao teu lado
Menino de pés rotos
Menino que nada sabe
De tuas pétalas incultas

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