segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Chá das Cinco

Clareou-se-me num trovão
E, à seca que se me invade pela garganta,
Deixando terra e descontentamentos,
Respiram úmidos lábios
Da moça ainda virgem de mim.

De que me servem estes [des]alentos
Aviltados por ignaras rédeas tomadas
D'outras mãos, que não as minhas?
Dantes mo disseram à maneira:
Pobre diabo vestido em firmamento,
Metido à besta.

Então, hão de desmentirem-me?
Hão de serem-me devotos?
Sabe-se lá o que confabulam
Os que pensam,
Pois deles invejo a hipócrita rotina de bem,
Eu hipócrita no agir.

Oxalá venham ter em minha casa
Um chá de vindas.
Ser-lhes-ei anfitrião
De chapéu e botas [sujas]
No quinto badalar da tarde,
À moda inglesa.

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