sexta-feira, 20 de maio de 2011

Brevidade

Contanto que seja breve,
Conte-me algo, uma estória, talvez.
Mas que seja breve!
Enfastiam-me as descrições pormenorizadas dos enganos alheios,
As filosofias que não são minhas,
As crenças desse velho mundo doente que insistem em chamar de moderno
E todo esse embuste literário
Cheio de vírgulas deslocadas
Que querem que eu engula no jantar
[Ao menos houvesse algo para beber...].

Ou melhor, tragamos à mesa uma conversa
Dessas rasas, insubstantes.
Falemos de futebol, de mulheres,
Da política externa e dos rombos nos cofres públicos:
Não chegaremos a lugar algum.
Sabemos das amenidades o suficiente para nos entreter
Enquanto o garçom não chega com a outra garrafa.
Dirão, veja só, que somos homens de pouca profundidade.
Uma ova!
Que se danem os "pseudos" da vida e suas tentativas frustradas
De serem levados em conta.
E depois, se não falarmos do óbvio,
Falaremos de quê?

No fim da noite, ao cabo de tudo,
O que restará será só a noite.
Será a noite a angústia de sempre,
A incerteza dos anos,
A vontade de não sei o quê,
A tristeza de há não sei quando
   E, maior do que tudo,
            Será a noite apenas

                               Um vento
                                         Breve.


.

4 comentários:

  1. "...E, maior do que tudo,
    Será a noite apenas
    Um vento
    Breve."

    Muito bom!!!
    Parabéns!

    Passa la no blog, ta atualizado
    Abraços.
    =)

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  2. Júlio, obrigado pela visita e comentário.

    Fique certo que também voltarei aqui mais vezes, pois gostei do que li: sua poesia é como uma chuva fina (a melhor descrição que encontrei).

    Abraço

    poesiaainda.blogspot.com

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  3. Oi Judy! Obrigado pelo comentário. Passarei por lá.
    Abraços!

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  4. Valeu,Gustavo!
    Já te sigo por lá pra ficar atento a seus posts.

    Abraço!

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