quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Literatura Barata

Ainda que criassem estereótipos,
Compusessem discursos,
Apregoassem pechas e sistemas,
De nada adiantaria:
É cedo demais para ser todo,
O tempo é de menos no caos de tudo.
O passado ruminante impregnou-se nas paredes,
As chagas vivas corroem,
Misturam-se ao bolor dos móveis da casa de hoje
De outrora.
A palavra de comiseração,
Amiga,
Amarga,
Amarela-se no riso,
 
Aflito,
Pungente
,
Impacientado pela fila do banco,
Pela porta fechada contra o rosto.
O tapinha cúmplice nas costas,
Atenuante do crime,
Legitima o mito de que somos irmãos,
Que os fatos, os medos,
Os freios e os escrúpulos
Permeiam indiscriminadamente a existência,
Aquela que deliberou descrever-se
Pela literatura barata,
De respostas assopradas ao pé do ouvido,
Da mesa posta.
Ainda assim de nada adiantariam
Os gritos na amurada do edifício,
O pranto nas escadarias da igreja,
A fome esganiçada no colo de alguém:
Antes houvesse tempo
No caos de tudo,
Antes não fosse cedo
Para ser-se todo.

.

8 comentários:

  1. Adorei seu poema. Criativo. Faz pensar. Parabéns.

    Convido você a ler meus poemas. Se quiser, é só pedir ao google: poemas de neusa azevedo.

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  2. Oi Neusa.
    Obrigado pelo elogio. Pode deixar que eu vou procurar seus poemas.

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  3. Oi Judy.

    Obrigado por divulgar o blog.

    Té mais!

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  4. Tem outro selo pra vc no meu blog...passa la.

    Bjs

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  5. Muito bons teus poemas! Não é tão fácil encontrar quem escreve tão bem nesse gênero. Parabéns!

    Se quiser dar uma olhada no meu blog, sua visita será muito bem vinda:

    http://inutilidadesliterariaseafins.blogspot.com/

    Lá escrevo sobre literatura, educação, cinema, arte e assuntos relacionados.

    Abraços

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  6. Oi Roseane.

    Obrigado pelos comentários. Sempre que puder passa por aqui!

    Vou conferir o seu também.

    Abraços!

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  7. Que belo e triste poema, tempo irremediável, sentimentos existencialistas.


    Convido você a ler meus poemas:
    Google: Poemas de Neusa Azevedo

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