quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dia Febril

As órbitas inquietas
Acompanham as horas crepusculares
Do dia inacabado em mim,
Inconcebivelmente inacabado em mim.

Há espasmos e sussurros
Provindos da viela que desemboca
No leito insone do espírito.
Há orgasmos, bombas e gases
Fundindo-se no universo ático
Da carne sórdida e fútil.

Perfilados e persignados,
São vagos os instintos
A se manifestar na tarde cinza
De meu dia febril.

Padece a massa disforme,
O desejo sem rosto, cor ou casca,
O presente e derradeiro instante,
Fugazmente recolhido pela inércia dos gestos,
Enquanto me consome o dia,
Infindo dia, absurdo.

Sim,o candeeiro aceso do amanhã
Ou ao menos as luzes da noite vindoura.
Já não me sustentam as órbitas
Nem os passos nem os braços trêmulos
Do hoje interminável,
Inconcebivelmente interminável em mim,
Indefinidamente meu.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário