terça-feira, 24 de agosto de 2010

Diário

Demasiado cedo
O corpo reluta
O frio fustiga
O sono, renitente
Caminha ao lado
Caminha?
As mãos tremem
O espelho reverbera
A luz fosca
De um rosto inane
De fato
Tudo vai mal
Vai?
(Se fizesse sentido
Se tivesse tempo
Se soubesse da vida...)
Reconhece a sombra
Debaixo dos pés
Conforma-se
Ir assim
Pisando na sombra
Para não tropeçar
Ir?
Faz as pazes
Torna a brigar
Criança eterna que é
Não sabe ouvir
Não!
O dia é fogo-fátuo
Carente de luzir
Correndo desabaladamente
Rua acima
Das tristezas noturnas
Correndo?
Cogita
As ações encabuladas
Tímidas
À meia-voz anunciadas
Pelos alto-falantes
Encabulados
Da estação detrás do morro
(Sempre haverá quem ouça
As preces benditas)

Agitam-se bandeiras

Enquanto segue o cortejo
De pedras e desejos
No coração dos homens.

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