segunda-feira, 23 de abril de 2012

Aí ô "Poeta", diz alguma coisa!

Aí ô "Poeta", diz alguma coisa inteligente, original, um pensamento profundo pra acalmar os impacientes, pra aclarar as dúvidas.
Não é possível que você não tenha uma tirada sagaz pra arrematar o problema,
Pra desfazer a confusão da vida.
Faz favor, me ajuda a encontrar o caminho ou, pelo menos,
Me dá um norte: um sinal de fumaça já é suficiente.
Você mesmo disse que não é preciso pressa,
Que adiantar-se aos fatos é sofrer em dobro.
Mas então o que é que eu faço?
Se quando preciso, o que você me confia é uma piada suja,
Um sopro fático sem imaginação.
Se é de você que tanto espero a contundência da palavra,
Por que é que insiste em dizer sempre o mesmo?
Onde foi parar aquilo tudo que estava no livro,
Na prateleira indefectível do fim do corredor dos sonhos?
Talvez que a vida não seja o que você pensa,
Se é que pensa nela, não é, "Poeta"?
Talvez que a verdade não exista, por fim.
Essa verdade que tanto se procura, tanto se perde,
Talvez que seja só uma ilusão barata
Comprada, veja só, a dezenove e noventa na estante dos "Mais Vendidos da Semana".
E você, "Poeta", vai viver de quê?
Você ainda vive, não?!
Vamos lá, eu sei que ainda não desistiu.
Um pouco de água pra refrescar as ideias,
Um pouco de ar pra ventilar os pulmões,
Um pouco mais de si e pros outros, ora bolas!
Que medo é esse de ser o que se é, de dizer o que se quer?!
Aperte bem o cinto, amarre firme o cadarço,
Tem chão, tem muito chão.
Triste é ver você assim, com a cara afundada entre as mãos,
Os cabelos despenteados e os olhos fundos da insônia.
Já não põe mais a culpa no café,
No demasiado cansaço da inércia.
Aí ô "Poeta", já pensou em alguma coisa?
Sei que você não gosta de ser chamado assim,
Mas algo tem que ser feito pra demovê-lo daí e,
Se não for pelo incentivo forçado e contrariado dos que não se importam,
Será pelo sarcasmo, pela ironia, pela falta de tato de quem lhe bem quer
E mesmo sem saber de que maneira, quer vê-lo de volta.
Pense bem.
Ou melhor, não pense, não pense, não pense - três vezes dito, aproveite e bata na madeira.
Escreva uma frase sem cabimento, anote seu nome num papel,
Cole um recado infundado na porta da geladeira.
Não se esqueça do telefonema desprovido de motivos que você deve a ela.
Quem sabe ela volte.
Ou não.
O que te peço, caro amigo, é que não desista.
Não há mal com o qual não nos acostumemos vivendo em paz.
Em paz, dileto amigo, em paz.
"Poeta", você disse alguma coisa?!

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