Hoje
Temo a incompreensão
E para fazer-me claro
Reduzo a língua à boca.
Não ignoro o som que me trará
O vocábulo inexato
Despregado das paredes da memória
Mas também não o desejo.
Hoje
Não seguirei a métrica
Não procurarei a rima
Nos dicionários práticos da língua portuguesa
Os sinônimos pertinentes
Não me farão falta:
Subjugo-me ao antagonismo
Às antíteses
Aos paradoxos e à matéria
E desprendo deles
A ilusão de unicidade.
Hoje
Direi o que da língua
A boca me permitir
Diluindo em gotas
A panaceia amarga
Prescrita e assinada.
Hoje
E talvez não o faça
Expurgarei os quebrantos
E serei só
Sem eles, meu alimento.
Hoje
E apenas hoje
Desconstruir-me-ei
E farei dos escombros de mim
Minha poesia.
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Adorei!! :)
ResponderExcluirParabéns!!
Oi, Luiza.
ResponderExcluirObrigado!