sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Solitude

A solidão
Espreitou-me da porta
Agarrou-me na soleira
Quando eu tentava fugir

A solidão
Fingiu-se de morta
Nas cinzas de quarta-feira
Do carnaval a se despedir

Passou o cometa
A vida-instante
A estrela cadente
A última constelação
E o que foi que eu vi?

Ah solidão, velha companheira
Amiga das linhas tortas
Em que me inscrevi
Foste tão minha como nenh'outra
Minha, minha, mil vezes minha...

Partilhamos, desde sempre
A ausência
O silêncio
O segredo
O salão de festas abarrotado
E o copo vazio
Corpo sozinho
Teu retrato
Tela desfeita.

Ah solidão
Se soubesses que nada importa
Que tudo é besteira
Que se vê por aí!

Ah solidão
Diz-me, zombando, tanto mais que corta
A sua triste maneira
De me sorrir.

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Um comentário:

  1. Muito legal sua poesia...
    Gostei muito... Parabéns!!!
    Já sou um dos seus fãs.
    Um abraço do mais novo amigo..
    Carlucio Oliveira Bicudo

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