terça-feira, 12 de abril de 2011

Reminiscência

Inquieto
Procurava teu som em cada gesto
Esquecia teu cheiro na ponta dos dedos
Até perder-se no último expresso
Das lembranças que se findam na noite
Infinitas, as lembranças...
Eu em ti a trançar-te os cabelos
E por minhas mãos em que ora a vejo
Fazer recender o instante
Último e primeiro
Para além do caos de teu mundo

Incompleto
Perscrutava teus olhos no espelho
E nada me sabia no que via
Restava apenas o traço em vermelho
Deixado pelo batom de teus lábios
E teus lábios a fecharem-se
Teu corpo a fundir-se com o ar
Para que não te fosses possível o olhar
Para que se confundissem as estações
Invernos e verões
Indistiguíveis na órbita de teu planeta

Incerto
Errei pelas ruas de tua cidade
Encerrei nas celas do subsolo
Os amotinados que inadvertidos se fizeram verdade
E larguei-me a contemplar-te longe
Como alguém que longe
Divisa os montes de uma terra inexplorada
Tal o tempo em que a neve cerra geada
E plantei-me, e finquei chão
Onde me pusera a sentir-me
Ainda que senhor de mim,
Habitante de teu legado.

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